Como senti na alma o peso de lideranças que abafaram e alienaram o país, consigo imaginar o que estarão a sentir populações de países como o Reino Unido, a América, a Turquia... só para referir alguns.
No caso português, encontrou-se uma solução inovadora, uma equipa formada por um acordo inédito, de três grupos políticos, e que funciona. Parte da sua eficácia deve-se à vontade da maioria da população. E a outra parte à própria equipa: quem estragar o seu funcionamento sabe que irá enviar a população de volta ao séc. XX.
Hoje deve pensar-se na gestão política em termos de equipas, de acordos e/ou coligações. Já não faz sentido a gestão política apresentada ao público por um rosto e uma voz que tudo transmite e tudo representa. Estou a pensar, é claro, em Theresa May, em Trump e em Erdogan.
Dir-me-ão: alto lá! Há diferenças.
Diferenças? Em termos das consequências para as suas populações?
Uma quer reforçar a sua legitimidade e a do Brexit, outro quer mostrar que é o homem mais poderoso do mundo, o terceiro juntou poderes em si próprio que legitimam uma tirania.
As populações do Reino Unido vêem-se agora condicionadas a voltar ao séc. XX e nem sei se não será para séculos anteriores. As que votaram Brexit arrastam agora todas as outras.
As próximas eleições extraordinárias poderiam ser uma oportunidade para travar este desastre cultural, económico e político, se os grupos e movimentos se juntassem e colaborassem na construção de uma alternativa viável ao governo actual.
Estou mais optimista em relação à América. A inovação cultural está viva nas populações, mesmo naquelas que votaram Trump.
O grande desafio será conseguirem furar um sistema político que foi construído para favorecer as elites e manter as populações no seu lugar. A nomeação de Trump deixou essa realidade a céu aberto. Agora as populações sabem que há um sistema político a reconstruir, equipas a formar, novos grupos e movimentos.
Quanto à Turquia, já imaginaram uma cidade como Istambul, que reflecte uma cultura aberta e flexível e consegue a proeza de fazer a ponte entre uma civilização antiga e uma perspectiva actual, ser condicionada à lógica do controle absoluto, à linguagem bélica, à criação alucinada de inimigos?
O que é que está a acontecer com as lideranças políticas actuais que todas se assemelham? E logo em países estratégicos para a vida do planeta.
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