segunda-feira, 24 de abril de 2017

França: o que está a falhar na segurança das populações?




Post publicado no Vozes Dissonantes:

Ontem acompanhei os resultados da 1ª volta das eleições presidenciais francesas. E, no final, quando se tinham já perfilado os 2 candidatos à 2ª volta e vi ali Le Pen, percebi claramente que o medo a ajudou.
O paradoxo do securitarismo a partir do medo é que não garante a segurança das populações e cria obstáculos à própria segurança ao alimentar um ambiente propício à insegurança.
É isso que os media deveriam ter descodificado da mensagem de Le Pen, e desmontado as ligações perigosas com a Rússia.
É aqui que as democracias actuais falham na protecção das populações: a segurança depende da democracia, da transparência, da informação correcta às populaçõesTudo isto faz parte da prevenção.
Também faz parte da prevenção: o trabalho dos serviços de informação, dos especialistas da internet, dos ataques cibernéticos, da contra-informação, da investigação de ligações políticas e/ou financeiras a interesses adversários ao país e às populações que representam.
Assim como os media não contextualizam o resultado de Le Pen, nem os serviços de informação assinalam nada de estranho nas ligações à Rússia, também não esperamos que consigam contextualizar a revolta de jovens parisienses logo depois de conhecidos os resultados da 1ª volta. O desespero inconformado de quem se sente impotente, quando expresso em violência caótica e revolta mal dirigida, não gera empatia ou compreensão nas populações. E geralmente é-nos apresentado apenas de forma simplista: grupos de anarquistas, por exemplo. São jovens e estão desesperados. São jovens e sentem-se impotentes. São jovens e o sistema não os ouve.
A tensão social é propícia à violência, e se juntarmos a este ambiente de alta tensão quaisquer interferências previstas, todo o cuidado é pouco.

O que está a falhar na segurança das populações?
o sistema político actual. Para se dizer democrático, precisa de se reformar de cima abaixo;
a investigação de ligações políticas e/ou financeiras perigosas para a segurança do país, da população, mas também da Europa e das suas populações;
os media que normalizam o inaceitável, acabando por ser um obstáculo à informação que as populações precisam para decidir da melhor forma (neste caso, as eleições). O voto deveria servir para garantir a sua própria segurança e a possibilidade de ver concretizadas as suas legítimas expectativas.

As bases de uma democracia de qualidade - informação, transparência, comunicação, equilíbrio, inclusão - são as que melhor garantem a prevenção e a segurança.

As pessoas estão entregues a si próprias e é natural que procurem informação nas redes sociais. É certo que lá encontramos muita informação falsa, contra-informação, propaganda mal intencionada, etc., mas há a possibilidade de aprender a filtrar a informação fiável, fidedigna e útil, se estivermos atentos e treinarmos a capacidade de verificar a correlação de diversos factores.
Há que estar atento, alerta, mantendo a calma. Não é fácil.
Há que observar, descodificar, desmontar, procurando a informação mais fiável.
Há que escolher a melhor solução, a que melhor garante o ambiente de segurança propício ao equilíbrio democrático e à prosperidade económica. 




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