sábado, 15 de abril de 2017

O factor imprevisibilidade das incursões bélicas joga contra nós todos, habitantes do planeta





Voltaram as incursões bélicas sem legitimidade democrática internacional.
Está a esvaziar-se o papel das Nações Unidas e a relegá-lo para as situações de emergência humanitária, a prevenção de conflitos bélicos e a formação das lideranças do futuro.

E a fase intermédia?, a fase que pode evitar as situações de emergência? A mesa das negociações multilaterais, o seu maior desígnio, vai passar-lhe agora ao lado?

Façamos o exercício, difícil, de entrar na cabeça dos generais com muita experiência de jogos do género. 
Já sentem a adrenalina no sangue? E ao mesmo tempo, a capacidade de raciocinar estrategicamente em situação-limite? 
Só mais um passo: que argumentos vos levam a decidir uma incursão bélica? E a escolher no menu das hipóteses: um aviso sério - ataque cirúrgico - perímetro a destruir.
Claro que partimos do princípio que, nesta fase de decisão determinante, os generais já foram informados pelos serviços secretos e outros, do contexto em que se movem e dos cenários que podem provocar.
Estão prontos? Vamos a isso.
A Coreia do Norte quer festejar o aniversário do avô com umas demonstrações nucleares. A China, o seu único aliado, vê-se impotente para resolver o assunto. 
Situação actual: os Estados Unidos mobilizaram porta-aviões e o Japão aviões militares. O Japão também quer retirar os seus conterrâneos da Coreia do Sul.
Qual será a estratégia que os generais americanos vão escolher? 
Trata-se de um aviso? Um aviso grau 4?, grau 5?
Que estratégia acham possível numa situação como esta, em que deixaram acontecer festejos nucleares de ensaio seguidos, e só agora lhes querem estragar a festa?
E do outro lado?, qual o grau de alucinação bélica com que estamos a lidar?
Quais os riscos reais para as populações da região em primeiro lugar, e do mundo logo a seguir?
É possível comunicar com o lado de lá? Eles aceitam trocar os festejos bélicos por outros? Entendem sequer o conceito de troca?
Eles começam a acreditar que somos tão alucinados como eles, ao ponto de passar a jogar a sério?
Nesta altura uma pessoa comum começa a vacilar. Isto é um jogo perigoso. Várias dúvidas surgem a confundir os seus pobres neurónios.

Pode-se argumentar, a favor de incursões bélicas não legitimadas internacionalmente, a sua eficácia?
Podemos até aceitar que um aviso bélico repentino é mais sério e perigoso do que um um aviso convencional, porque tem o factor imprevisibilidade. Mas é esse factor que joga contra nós todos, os habitantes de um planeta que ainda alberga este tipo de lideranças alucinadas.

Não é preferível investir a nossa inteligência colectiva na prevenção de situações-limite e de emergência humanitária?
E para isso não é fundamental o papel das Nações Unidas: o anfiteatro dos argumentos e a mesa das decisões?
Os papéis estão interligados. Como se podem aplicar sanções ao Irão, a Israel, à Rússia, à Síria, à Coreia do Norte, fora das Nações Unidas? 




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