domingo, 12 de março de 2017

O que define a "linha da pobreza" e a "linha da riqueza" é o acesso e a utilização dos recursos disponíveis





Post publicado em Vozes Dissonantes:

Foi a ouvir ontem o "Economia das coisas" de Paulo Pinto, na Rádio Renascença, que me inspirei a voltar a este cantinho de vozes dissonantes. 
O economista Carlos Farinha referiu-se aos indicadores "linha da pobreza" e "linha da riqueza". O economista do ISEG refere ser mais fácil definir a linha da pobreza do que a linha de riqueza, como se para esta o céu fosse o limite. :)

Neste cantinho achamos que é fácil definir a linha da riqueza: está na sustentabilidade, nos recursos disponíveis de uma população. Uma população que hoje, no século XXI, tem de ser considerada globalmente, a população mundial.
Foi assim que se conseguiram definir limites para as emissões de CO2 e é assim que temos de começar a pensar relativamente aos recursos e ao seu acesso e utilização pela população.
O acesso à água potável, aos produtos agrícolas, à habitação, a cuidados de saúde, à energia, à ciência e tecnologia. Estas passam a ser as condições básicas de uma vida com qualidade.

Uma sociedade inteligente é aquela que procura o equilíbrio, a sustentabilidade. Não se trata de limitar o ânimo empreendedor e criativo, a vontade de enriquecer e expandir um negócio. O limite é o equilíbrio e a sustentabilidade, a todos os níveis e em todas as fases da produção da riqueza. E os próprios consumidores farão parte dessa correcção natural.

Já todos percebemos que os governos e a finança apenas agravaram as desigualdades económicas. E o pior foi terem-no feito na fase da austeridade. A CE, o Eurogrupo e o FMI, o tripé disfuncional, deixaram para trás sociedades desiguais e divididas. Portugal teve sorte, apesar de tudo. A Grécia ficou a pedalar em seco numa pobreza sem fim à vista para a maior parte da sua população.

Num futuro próximo a questão não se irá colocar na distribuição da riqueza, mas sim no acesso e na utilização dos recursos disponíveis.
A nova economia basear-se-á nos recursos e não na moeda. A economia monetária provou não servir o trabalho, apenas o colocou dependente da renda, da finança. Ora, o trabalho (e aqui incluímos tudo o que é contribuição para melhorar os recursos disponíveis e a sua utilização), terá de se libertar desta lógica disfuncional, distorcida e desequilibrada.
O UBI (universal basic income) pode ser interessante e útil nesta fase de transição, mas já não surge como uma proposta radical. 
A nova economia, como a perspectivamos neste cantinho, seguirá a lógica do equilíbrio e da sustentabilidade a todos os níveis e em todas as fases da produção da riqueza.



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