terça-feira, 21 de março de 2017

O cinema num futuro próximo





Post publicado no Rio sem Regresso:

Como será o cinema num futuro próximo? Continuará a prevalecer a longa-metragem? Quais os géneros que terão mais audiência? O cinema passará a ser interactivo?

Em 10 anos em que este rio aqui navega (festeja a 14 de Julho), muita coisa mudou no cinema, embora pareça estar tudo na mesma. :) A longa-metragem é o formato que domina; o investimento necessário ainda é elevadíssimo; os prémios continuam a ter uma importância especial, sendo os óscares os mais valorizados; os actores continuam a ser os mais bem pagos da equipa, bem acima dos argumentistas e da edição/montagem, por exemplo.

O que mudou e está a mudar é cultural: uma maior proximidade dos actores com o público; uma maior participação dos actores, realizadores e produtores em projectos de valor social; uma consciência da responsabilidade do seu poder de influência. Vemos muitos actores a realizar filmes e/ou a produzir filmes, o que revela que hoje os actores participam activamente no processo criativo.

As maiores mudanças no cinema estão a delinear-se:
- as mega-produções e co-produções, como The Wall, serão frequentes e promissoras;
- haverá cada vez mais espaço e oportunidades para a inovação cultural, que surgirá´de micro-produções de equipas e/ou de comunidades criativas, pois a tecnologia acessível é cada vez mais sofisticada;
- o género documentário irá florescer a par dos outros géneros, e os actores poderão ser recrutados na população geral e/ou de uma comunidade local, especificamente para cada projecto;
- na ficção científica procurar-se-á a verosimilhança, o respeito pelas leis científicas em detrimento de efeitos especiais e da fantasia;
- a animação será a indústria com um potencial incrível, onde tudo ainda é possível;
- a curta-metragem passará a valer por si, deixando gradualmente de funcionar como uma simples apresentação de um trabalho para captar investimento para a longa-metragem;
- a média-metragem (40' a 50') começará a ser preferida relativamente à longa duração actual;
- o cinema torna-se interactivo: os espectadores participam na experiência, seja em forma de avaliação emocional de cada cena, de comentários em forma de símbolos ou outros feedbacks. Ir ao cinema será equivalente a ir a uma festa, participar numa experiência sensorial e emocional. Veremos, no final da apresentação do filme, a possibilidade de ficar para a segunda parte com o feedback da assistência que poderá levar a alguns momentos interessantes e até hilariantes, tal como acontece no teatro. Também poderá incluir filmagens de comentários dos elementos da equipa sobre a ideia e a experiência, ou cenas que não foram incluídas, ou episódios cómicos, tal como nas cassetes e nos cd's que alugávamos nos clubes vídeo. O espectador deixará, pois, de ser tratado como voyeur, excepto nos filmes considerados para adultos :) ;
- os clichés estarão fora de moda: ninguém consegue agarrar-se à ponta de um precipício depois de se ter desequilibrado, um fugitivo não escolhe correr no meio da rua ou da estrada, a explosão iminente de uma bomba não é travada no penúltimo segundo :)... e o cliché padrão da comédia romântica: rapaz conhece rapariga, sentem-se maravilhosamente na companhia um do outro, zangam-se, música de fundo e rostos tristíssimos de cada um e, já quase no final, as pazes com um beijo :).



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