segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O assalto à Casa Branca





Provavelmente todos já viram o filme White House Down. Mas poucos imaginaram que um assalto à Casa Branca estava a ser preparado com todo o cuidado e secretismo. Sim, na vida real.

É sempre nos pormenores que estes planos falham. Refiro-me ao secretismo que é essencial, porque neste momento já quase todos perceberam qual é a agenda do gabinete de Trump.


Pormenores que comprometeram o assalto à Casa Branca:

- confiar demasiado na eficácia do plano: depois de passarem o primeiro teste, conseguir que os eleitores engolissem o anzol com um discurso feito à medida, e utilizando a popularidade mediática da personagem, contaram que nada iria falhar a partir daí;

- negligenciar a imprevisibilidade e impulsividade da personagem: para o controle da personagem contaram com os filhos, sobretudo a filha e o genro, que o acompanham para todo o lado e que estão presentes nos encontros com as diversas personalidades. Também conseguiram que a personagem não respondesse a jornalistas em conferência de imprensa. Mas não contaram com o seu impulso, a sua sede de revelar ao mundo quem manda agora. Quase consigo visualizar o rosto dos assessores ao ler mais um tweet, especialmente os dirigidos à China, os mais difíceis de explicar;

- não saber esperar pacientemente pelo seu momento, o do assalto à Casa Branca: a escolha das personagens para as pastas mais importantes do Gabinete revelam a agenda, influenciar os negócios, escolher os parceiros de negócio, e não esquecer os biliões do tesouro da administração. A indústria do petróleo é a mais evidente, ainda por cima alguém ligado a Putin. E depois o Goldman Sachs, os grandes bancos. As personagens do Gabinete foram-se perfilando e tudo ficou a céu aberto: quem ia mandar a partir daqui. De fora, os acordos do clima, os direitos civis, a economia.


Ainda não é certo que a Constituição americana e os valores democráticos consigam travar este assalto à Casa Branca. São precisos 35 eleitores presidenciais republicanos a não confirmar Trump. E mesmo que o consigam, ainda não é certo que não o confirmem depois na Câmara dos Representantes. Mas é um travão importante. E um sinal de alarme difícil de apagar.

A nossa sorte, cidadãos do mundo, é que um dos Pais Fundadores da América, Hamilton, quis prevenir o assalto ao poder de qualquer possível populismo perigoso. É um dos filtros de defesa da democracia. E nós sabemos que este assalto teria um impacto global: instabilidade, insegurança, conflitos, terrorismo, pobreza, desastres naturais... 



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