quinta-feira, 16 de maio de 2013

Uma perspectiva do design centrado nas pessoas e na solução de problemas (Tim Brown no TED talks)

Vivemos numa época de transição, de profundas mudanças culturais com impacto na vida das pessoas: na economia, na saúde, na educação, etc. E as explicações e propostas que as organizações influentes e os seus dirigentes nos dão já não servem para lidar com os desafios actuais.
Depois de ouvirmos algumas notícias e de constatarmos uma vez mais que a nossa perspectiva não encaixa na versão oficial, temos de procurar as vozes que nos confirmam a nossa visualização de uma nova forma de organização a emergir. Poderia esquematizá-la em desenho animado, em que tudo se começa a deslocar ao contrário da lógica da globalização actual, isto é, começa a partir do local (comunidades, pessoas) para o global (organizações e corporações). A economia, neste desenho animado, é esquematizada em movimento, adaptabilidade e criatividade das comunidades. E todas as actividades se organizam em rede, apesar das limitações e barreiras impostas por regras obsoletas e alheias às necessidades concretas das pessoas. 

Descobri uma dessas vozes no TED talks, depois de uma breve pesquisa, uma abordagem muito interessante sobre o impacto de uma nova perspectiva do design na vida das pessoas nas mais diversas regiões e culturas:




Tim Brown vai buscar Brunel ao séc. XIX, cem anos antes do design surgir como uma profissão, como um exemplo de "design thinking": resolver problemas de forma inovadora.

Outra forma de definir o "design thinking" é o que Roger Martin, professor do Business School da Universidade de Toronto considerou como "integrative thinking": capacidade de integrar ideias diversas e limitações para criar novas soluções, equilibrando as necessidades, a tecnologia e a viabilidade económica.

As implicações desta mudança de perspectiva do objecto (consumo baseado na estética, imagem, moda) para as soluções de problemas actuais (aquecimento global, educação, cuidados de saúde, segurança, água potável, etc.) são enormes e o seu impacto muito promissor.


Ideia básica:: o design centra-se nas pessoas. Pode integrar questões tecnológicas e económicas mas começa nas necessidades das pessoas, o que facilita a sua vida ou a torna mais agradável.

É aqui que está a chave desta abordagem: a compreensão da cultura e do contexto. Antes mesmo das ideias ou da tecnologia, começa-se pelas pessoas e pela cultura. A criatividade e a inovação, acessíveis nas comunidades que utilizam a abordagem do protótipo (experimentar) e da participação, têm implicações inimagináveis.
Interessantíssima esta ideia da importância da intangibilidade no design e na economia em sistemas de participativos, isto é, o valor criado não pode ser calculado simplesmente em termos monetários.

E porque corremos o risco de perder um sistema nacional de saúde de que o país se orgulhava, gostei da referência a Sir William Beveridge, que criou o britain's welfare state num relatório de 1942 e em que esperava que cada cidadão participasse no bem comum. Parece que o próprio terá revelado a sua decepção com a transformação do welfare state num serviço de consumidores, em vez do sistema idealizado em que todos participam.

Mas hoje quando se fala no nosso país em reinventar o sistema nacional de saúde é numa perspectiva bem diferente dos exemplos aqui referidos, de inovação local que envolve a participação dos doentes e dos profissionais de saúde.

Aproveito para concluir com o que registei no final da palestra: em vez de escolher entre várias soluções, isto é, adoptar o pensamento convergente (cá chamam-lhe consenso), é muito mais promissor criar novas soluções exercitando o pensamento divergente.

Partir sempre das pessoas e das suas necessidades concretas e envolvê-las nas soluções dos problemas, nas escolhas e decisões.

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