quinta-feira, 23 de maio de 2013

O verdadeiro poder é vida: cria, constrói, une, regenera, cura

Ontem vi a notícia da lista da Forbes das mulheres mais poderosas do mundo e Merkel vem em primeiro lugar.
De que poder e de que mulher estamos aqui a falar? 
Do poder de destruir economias de países, equilíbrios sociais na Europa e, muito provavelmente, a própria democracia? 
Do poder de humilhar, com visitas-relâmpago, os países em dificuldades com a mensagem: continuem a austeridade?
Pode-se destruir com um sorriso e é o que Merkel representa: destruição da economia, erosão social, humilhação, fome, e já não apenas nos países em apuros, está a generalizar-se pela Europa.

Não vou aqui recordar a história bélica europeia e como se recompôs. 

Nem o projecto inicial da UE e do euro. 
Nem a promessa de uma economia estável e próspera, com equilíbrios negociáveis. 
Nem a esperança da democracia baseada na participação dos diversos estados membros.
À primeira sacudidela vinda da criminosa gestão financeira e da ausência de regulação e supervisão bancárias, os países mais fortes, que tinham beneficiado com as condições de integração, esqueceram os equilíbrios próprios de uma democracia e utilizaram os mecanismos autocráticos.
Isto é, depois de terem contribuído para a estrutura de consumo das economias do sul, subsidiadas para abandonar a produção industrial, agrícola e pesqueira, ignoraram isso tudo e impuseram condições impossíveis de concretizar sem destruir economias frágeis e vidas concretas de pessoas.
O absurdo deste poder de destruição foi aqui elevado a proporções inimagináveis de autêntica barbárie, na falta de visão e na ignorância da história, diversidade de culturas, psicologia social, economia e democracia.

No caso português, o próprio governo revelou, desde o início do programa da austeridade, conformismo e subserviência. Isso foi o mais difícil de aceitar como cidadã portuguesa. 

E penso até que somos caso único: os gregos protestaram desde o início ate ficarem completamente exaustos e os espanhóis fizeram tudo para, pelo menos, não deixar a troika entrar em Espanha.
Mas o governo português acena concordante quando o ministro das finanças alemão se refere ao nosso caso como um sucesso e desloca-se entre reuniões de ministros em carros de marca alemã.

O que Merkel não sabe, nem o governo português, nem a Forbes, é que este poder baseado na influência das decisões e na finança e cujo resultado é a destruição pura e simples da economia, do equilíbrio social e da democracia, não é verdadeiro poder, é um poder alucinado.


O verdadeiro poder cria, constrói, une, regenera, cura,  traz a vida consigo, não a morte. 

O verdadeiro poder está na vitalidade de uma economia da colaboração e de uma democracia da participação. 
O verdadeiro poder está na criatividade da diversidade e do respeito cultural e social.
Já dei aqui alguns exemplos: Alex Ojeda, Yacouba Sawadogo, Tim Brown.
Muitos mais surgirão aqui n' A Vida na Terra

Já existem propostas europeias que se distinguem deste programa da austeridade. Esperemos que consigam ainda atenuar, pelo menos, a devastação em sectores vitais:




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