quarta-feira, 15 de maio de 2013

A alimentação à mão de semear

A ONU aconselhou recentemente a introdução de insectos nos hábitos alimentares como um meio de evitar a fome das populações em risco. Há várias regiões do planeta em que esta fonte inesgotável já consta da sua alimentação.
E nas histórias da Bíblia que nos contavam em crianças já lá estão os insectos nessa travessia de desertos. É um recurso que os nossos longínquos antepassados terão utilizado certamente.
Quanto a mim, prefiro ver os insectos como os aliados das plantas e dos solos na regeneração de equilíbrios de sistemas complexos, das imensas possibilidades da natureza.
É por isso que sempre me fascinaram as histórias de oásis em desertos: a metáfora perfeita para contrariar um caminho suicida que se tem percorrido nas últimas décadas.

Vi há dias na televisão um documentário inspirador: O homem que parou o deserto.



Aqui não se trata apenas de um imenso respeito pela terra e pela sabedoria transmitida pelos nossos antepassados, trata-se de alguém que respeita a terra, que a observa atentamente, que acompanha cuidadosamente as suas transformações e colabora com a sua respiração. No seu trabalho de colaboração com a terra entram os insectos como aliados. A terra torna-se fértil e o deserto recua. A família pode sobreviver no seu lugar sem ter de se deslocar para a cidade. Todos colaboram, cada um tem o seu papel e a sua responsabilidade. Este homem, na sua humildade e sabedoria, é como um professor que nos inspira. 

Mesmo perante as adversidades que vai passar com a invasão do crescimento da cidade que lhe divide as suas terras aráveis, e o progresso de betão é como um bulldozer metálico que tudo destrói à sua frente, Yacouba evita sempre o confronto com as autoridades preferindo a via da sensibilização e da divulgação da sua experiência noutras aldeias e hoje a nível mundial, com o documentário. Esta transmissão de conhecimentos essenciais permite evitar que as populações se tenham de desenraizar do seu lugar e cultura próprios. A alimentação à mão de semear.

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