sábado, 8 de abril de 2017

Transplantados do séc. XIX para nos assombrar






As lideranças europeias não souberam lidar com o caso Dijsselbloem. Primeiro porque não perceberam a sua dimensão cultural, depois porque a sua perspectiva está formatada pela lógica financeira.
O que nos leva a perguntar: como é possível que ainda tenhamos de aturar, em lugares estratégicos para a possibilidade de reabilitar os valores europeus, indivíduos transplantados do séc. XIX?

Não é uma questão de palavras, como disse o ainda presidente do Eurogrupo, é a cultura que está por trás, própria de um burguês do séc. XIX: vinho e mulheres.
Não é uma questão de palavras, porque voltou a repetir a palavra solidariedade com a definição subvertida, o que tornou a explicação ainda mais horrível do que a entrevista original. A arrogância está lá, eu tenho razão, as palavras é que não foram bem escolhidas.

A solidariedade não foi com os países intervencionados, foi com os grandes bancos, porque essa é a sua prioridade: a finança, a moeda.
Foi nisto, nesta lógica fundamentalista, nesta máquina metalizada, que se transformou a Europa das estrelinhas. A que os países e os seus cidadãos têm de se submeter. É isto que Dijsselbloem representa no Eurogrupo, os interesses dos grandes bancos e da moeda.
Enquanto a Europa das estrelinhas nos quiser assombrar com a sua cultura do passado bafiento de cofres fechados, não podemos construir o futuro.
O futuro já aqui está, outras regiões do globo já vivem e respiram a cultura da colaboração, mas a Europa das estrelinhas, que foi vanguardista noutras épocas, virou-se para o passado.


Post publicado no Vozes Dissonantes.



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