terça-feira, 5 de julho de 2016

Assédio moral contra países do sul


Gostei de saber ontem, numa reportagem da TVI e numa entrevista a Isabel Moreira na TVI24, que o assédio moral foi recentemente criminalizado e integrado no crime mais amplo da perseguição.
Nesta criminalização já vamos com um atraso de uma década relativamente a outros países europeus, mas isto também se explica culturalmente. Não aturámos pacificamente o assédio moral do anterior governo?, dos discursos do anterior PM?, das conferências de imprensa de Gaspar e de Albuquerque?
Agora assistimos, nós e a Espanha, a uma pressão política ilegítima da CE e do Eurogrupo. A Espanha está em negociações para formar governo, Portugal tem um governo recente.

O assédio moral implica uma perseguição reiterada, é o que temos vindo a sofrer da CE e das intervenções dos comissários e do presidente do Eurogrupo, desde o início do novo governo. 
O assédio moral implica um agressor e uma vítima, uma relação de poder e dependência, força e fragilidade.
O assédio moral tem um objectivo, neste caso é político: um governo conservador na Espanha e uma mudança de governo em Portugal.
  
Esta demonstração de força da CE revela, na realidade, uma fraqueza: vendo-se impotente para lidar com o Brexit, uma ferida aberta no coração da UE, tenta mostrar a sua força onde pode bater, ou seja, nos mais fracos.
Já vimos o que fizeram ao povo grego, apesar do povo grego referendar a vontade de permanecer na UE. A humilhação que lhes foi infligida teve todos os ingredientes do assédio moral. E do double bind, estratégia de manipulação que anula e fragiliza.

Se a CE e o Eurogrupo continuarem nesta perseguição ilegítima, a quem podemos recorrer? Há algum mecanismo que nos possa defender? Exactamente, é este o perigo de estar integrado numa UE que não respeita as regras dos tratados (igualdade) nem tem a noção de equilíbrio, de colaboração e de oportunidade.
Uma comunidade pressupõe ainda a noção de bem comum. Ora, prejudicar Portugal e Espanha, assim como a Grécia, também é prejudicar os restantes países da zona euro.

Talvez o Brexit revele a resposta das populações esquecidas pela centralização do poder e pela globalização que agravou o desequilíbrio na distribuição dos recursos (aumento exponencial das desigualdades sociais).







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