segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A melhor defesa dos cidadãos é a prevenção

Hoje qual é a melhor estratégia para assegurar a segurança dos cidadãos?
E qual foi a estratégia escolhida pelas lideranças de França, Reino Unido, Alemanha?

O que falhou em Paris? Não era lógico que fosse por aí que deviam começar? Reunir para analisar o que falhou, que tipo de violência é esta, como se financia, como adquire o armamento, como se desloca entre países, como se infiltra nos países, como recruta adolescentes? E seguidamente definir as melhores estratégias para lidar com este tipo de ameaça para os cidadãos?

Os cidadãos são precisamente o alvo deste tipo de ataques. Os cidadãos que querem apenas viver em paz e poder confiar que as lideranças são capazes de assegurar a sua segurança.

Os cidadãos têm de observar e reflectir no que se está a passar em seu nome: 
Qual a resposta mais adequada a este tipo de ataques terroristas?
Qual o papel dos cidadãos na sua própria defesa e segurança?
Qual o papel dos cidadãos na questão urgente dos refugiados?
Quem ganha com intervenções militares? 
Quem lucra com a guerra convencional?

A resposta mais adequada a este tipo de violência terrorista é a prevenção, utilizando as novas tecnologias e procurando antecipar possíveis ataques.
Ao nível da Defesa, um novo tipo de intervenção, na nova lógica do séc. XXI: inteligente, rápida, de antecipação. Com a utilização das novas tecnologias. Com a capacidade de ter acesso ao mundo opaco e informal da Finança, porque é aí que hoje tudo começa.
Ao nível social, todos sabemos o que isso implica: investir realmente no futuro dos jovens sem futuro. Contrariar as crescentes desigualdades sociais. E começar já. Claro que as condições sociais não explicam tudo, mas explicam muito. Como disse recentemente um especialista, a frustração de jovens desocupados que deambulam por bairros que são autênticos guetos, e se apercebem das crescentes desigualdades sociais, é uma condição favorável à sua recruta.


O papel dos cidadãos é mais importante do que se imagina:

Desmontar os equívocos sobre a violência. E, para isso, nada como ler atentamente Arno Gruen: "Falsos Deuses", "A Loucura da Normalidade" e "A Traição do Eu". É preciso compreender a natureza da violência, aprender a lidar com ela e a prevenir que se expanda. E é tão fácil expandi-la, justificá-la e massificá-la... Segundo Arno Gruen, uma grande parte da população é conformista, isto é, facilmente manipulável. É aqui que reside a sua maior fragilidade.

Não se deixar embalar pelos discursos oficiais, distanciar-se de respostas reactivas, pensar pela sua própria cabeça. Observar as decisões políticas das lideranças, e a comunicação social que matraqueia as posições oficiais. Observar a realidade sem filtros ilusórios ou distorcidos. Só na BD ou nos discursos oficiais o mundo é a preto e branco. As lideranças falam de uma ameaça exterior, como se a violência viesse de fora, de um território delimitado e de culturas e nacionalidades definidas. A ameaça já cá está. Recrutando adeptos, jovens vulneráveis e impressionáveis à glorificação da morte, a ilusão de uma heroicidade. Não é por acaso que estes jovens são adolescentes. E não é por acaso que vivem em bairros sem futuro. Ninguém pode viver sem futuro. 

Estar atento e vigilante, de forma calma e ponderada, a todos os apelos à violência e tentar definir a forma como prevenir os focos de violência. Prevenir é agir de forma empática e sensata, cada um à sua dimensão e responsabilidade, e em colaboração. As redes sociais são um meio de comunicação e de informação muito poderoso. A globalização não beneficiou apenas a finança sem lei nem regras, os negócios internacionais obscuros, e agora este tipo de violência contra cidadãos. A globalização aproximou os cidadãos à escala planetária.

Promover a cultura da empatia e da colaboração. A intervenção vai passar pela educação das novas gerações, pela sua preparação para um mundo que publicita e glorifica a violência e a morte. A sua preparação para observar e reflectir, e agir de forma autónoma e responsável. A sua preparação para identificar a violência, no local onde vive, na família, na escola, na universidade, nas redes sociais, na finança, nas multinacionais, na venda de armas, nos crimes ambientais, nas decisões políticas. O ódio e o medo são os melhores aliados da cultura da violência e da destruição. É o ódio que preenche o vazio da linguagem do poder, e é o medo que a alimenta.

Num vídeo que se tornou viral, um pai tenta explicar ao filho o inexplicável sobre a violência, revelando a atitude saudável, calma, empática, de responder à violência. Quando a criança diz, amedrontada, Temos de mudar de casa, o pai responde, A França é a nossa casa. Mas eles são maus..., Há maus em todo o lado. Mas eles têm pistolas..., E nós temos velas e flores..., As velas e flores é para nos proteger.

Um desabafo nas redes sociais que também se tornou viral, o de um pai que perdeu a mulher: Náo terão o meu ódio.

E pensemos na coragem de alguns que, perante os tiros no recinto, ainda assim, protegeram outros com o seu corpo. Ou nos que, na rua, foram socorrer os feridos sem pensar nos riscos que corriam, enquanto outros escondiam os fugitivos aterrorizados na sua casa.








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