sábado, 1 de agosto de 2015

Onde reside o verdadeiro radicalismo e onde reside a possível estabilidade

A coligação governamental tem utilizado o termo radicalismoa pensar sobretudo no adversário mais próximo, reforçando o medo de voltar ao despesismo, e atirando-nos com os papões dos mercados, do rating, e do esforço perdido destes 4 anos de sacrifícios.
E contrapondo a este radicalismo, apregoam que é com eles que reside a estabilidade. E insistem nas palavras-chave: estabilidade e prudência.

Desmontando esta lógica:

Radicalismo: querem mudanças mais radicais do que as que foram impostas aos portugueses, sobretudo à classe média, remediados e pobres, e ao país, à sua economia e aos seus recursos? Onde reside afinal o radicalismo?
E em nome de quê? Da confiança dos mercados, que se movem precisamente nas areias movediças das apostas e do oportunismo, e que são o mais voláteis possível, provocando a maior instabilidade?
Os sacrifícios, os cortes nos salários, nas pensões, nos subsídios, na saúde, na educação, e a enorme subida de impostos e taxas, seguiram a lógica do ajustamento necessário, isto é, da sua inevitabilidade, e dos benefícios da austeridadePara já, os sacrifícios não foram deles, foram dos piegas dos portugueses: classe média, remediados e pobres. Que agora se vão aproximando todos, cada vez mais, da pobreza.
Nestes 4 anos verificou-se, pois, uma mudança radical a nível social e a nível económico (ir além da troika). Hoje o país está completamente diferente: 
as desigualdades sociais aumentaram exponencialmente, com uma pequena minoria cada vez mais rica e a grande maioria cada vez mais pobre. Os recursos públicos nas mãos de privados estrangeiros. E mais buracos para pagar: fraudes financeiras (bancos), grande evasão fiscal, privilégios dos grandes grupos privados, etc.
 - a economia baseia-se em salários baixos, o que implica desemprego elevado, na transferência de recursos públicos para privados, nas empresas exportadoras, e no controle do consumo interno. 

Estabilidade: onde reside então a estabilidade e a prudência? Como vimos, não é na austeridade, um programa radical que provocou a maior insegurança e instabilidade na vida concreta das pessoas. E ir além da troika sem explicar aos cidadãos as razões de tal opção radical, revela precisamente o contrário da prudência. Prudência seria avaliar bem a situação económica e as exigências dos credores, e optar por um caminho que não destruísse a economia nem massacrasse os cidadãos. Quando as decisões políticas afectam de forma determinante vidas concretas e o seu futuro, a prudência indica informação e transparência.
Como vimos, não é na coligação governamental que reside a estabilidade que os portugueses necessitam e que o país, a sua economia, necessita.

Onde reside então a estabilidade possível?

A possível estabilidade reside em desmontar as mentiras, o que terá de ser ensinado às crianças, como referiu João Magalhães na SicNotícias. Mentiras que, segundo a sua experiência na investigação de casos de Justiça, são protegidas pelo secretismo, isto é, pela forma errada como se utilizam o segredo de Justiça, o segredo de Segurança, etc.  
Desmontar as mentiras baseia-se na capacidade de observação e análise, na inteligência prática, no bom senso, no equilíbrio, no respeito pelos valores da democracia, no respeito por si próprio e pelos outros.
A possível estabilidade implica informação fiável, transparência e justiça.  
A possível estabilidade reside nos valores democráticos perdidos e nos equilíbrios perdidos.









Sem comentários:

Enviar um comentário