quinta-feira, 4 de maio de 2017

Esperemos que Macron se consiga desformatar da cultura financeira já que revela ser capaz de aprender :)





Post publicado no Vozes_Dissonantes:

Será possível alguém formado na finança, formatado na cultura financeira, para quem a economia se baseia na finança, desformatar-se dessa cultura?
É certo que Macron vê a economia como uma intercomunicação em tempo real, sempre em movimento, a que ele ainda chama de "ciclos" (e nós sabemos o que é que influencia os ciclos: os riscos financeiros).
A economia, assim perspectivada, valoriza sobretudo as empresas como o motor essencial, mas esquece-se que já estamos numa nova plataforma da economia. As empresas precisam da inovação e a inovação está nas pessoas e nas equipas. Mais, a inovação está nos jovens, aqueles que têm sido esquecidos pela cultura financeira.

E aqui temos o paradoxo de Macron, que esperemos ele consiga resolver em si próprio:
- ao perspectivar a economia colocando-se do lado das empresas como o motor da economia, é evidente que tem de referir "a protecção do trabalhador".
Estão a ver? Este é o paradoxo.
Se perspectivarmos a economia do lado das pessoas, das equipas, dos jovens, e da inovação, não precisamos de criar mecanismos de "protecção do trabalhador". Porque estará tudo interligado. 
E se perspectivarmos a economia para lá da inovação tecnológica, considerando a inovação cultural, ninguém fica de fora, todos têm um lugar, todos participam e colaboram.

As limitações da economia baseada na moeda e submetida à finança e aos mercados, já estão visíveis, já ninguém confia na sua viabilidade, a não ser se aceitarmos o futuro como uma sequência do presente: desigualdades sociais, altos níveis de desemprego, instabilidade, desperdício de recursos. 
A economia só pode ser "revitalizada", palavra cara a Macron, quando a economia for baseada nos recursos e na sua urilização pelas pessoas. É essa a desformatação cultural financeira que Macron terá de fazer e depressa. :) Porque, se tudo correr bem para os franceses e para os europeus, em breve vai ter de negociar com grupos e movimentos políticos.


Porque considero que a cultura financeira não é uma ideologia?
Porque as ideologias têm um corpo teórico, uma visão de sociedade que querem implementar, com um conjunto de princípios e valores. Exemplo: Le Pen e recriar ou replicar a "civilização francesa" (quase que visulizamos o Rei Sol e a sua corte em Versailles. Ou será a Revolução francesa? Ou será Pétain?) E é bom lembrar que as ideologias têm recorrido à finança, andam de braço dado. :)

A cultura financeira é uma perspectiva do mundo e da economia: tudo gira à volta da capacidade de produção (empresas), num mundo competitivo em que tudo é valorizado em termos monetários. Tudo. Nesta cultura financeira confia-se na competência dos grandes bancos e das empresas. E se falharem, há mecanismos de "protecção do trabalhador".




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