domingo, 28 de junho de 2015

Cidadãos europeus: plano B, C e D

E de repente perdemos o pé e toda a realidade que nos era familiar surge-nos agora completamente alterada. Vivíamos na ilusão de uma certa previsibilidade. Digo ilusão, porque a incerteza tornou-se a norma na Europa: "os mercados estão nervosos"... "os juros subiram"... "o BCE injectou mais n mil milhões nos bancos"... 
Tudo gira à volta da lógica financeira, mutável e volátil, minuto a minuto.

Para já, UE, CE, BCE, FMI, Eurogrupo, já não serão vistos como entidades competentes e responsáveis para prevenir situações críticas, para aprender com os erros, para negociar e fechar acordos.
Dito de outro modo, os cidadãos europeus perderam a ilusão sobre a capacidade das instituições europeias e internacionais de prevenir a tempo ou agir de forma rápida e eficaz em situações de emergência.

O que aprendemos quando perdemos a ilusão da protecção? Quando descobrimos que as instituições europeias e internacionais se movimentam na lógica financeira e não na economia real? A economia real que é a nossa vida concreta, a nossa sobrevivência, o nosso futuro? Isso mesmo, tentamos encontrar formas viáveis e criativas de sobrevivência.

O primeiro grande desafio: como manter a calma, a reflexão e a sensatez, em tempos de grande receio e incerteza? É que estas capacidades estão na base das melhores decisões.

Reflectir: enquanto cidadãos europeus, estamos todos na mesma plataforma instável. É nossa responsabilidade procurar um plano B, um plano C, e mesmo um plano D.
Com que recursos? Tecnologias de informação e comunicação; rapidez de raciocínio, flexibilidade e criatividade das novas gerações e a nova cultura da colaboração.

Planos B, C e D:

Plano B - é o mais difícil porque se trata de construir sobre ruínas em alguns países e regiões. Economia destruída sem substituição por outra. Classe média na pobreza. Recursos entregues a privados. Na actual situação de emergência da Grécia: pagamento ao FMI dos tais 1,7 mil milhões de euros, o equivalente a uma conta num qualquer paraíso fiscal da Europa. Como as instituições europeias e internacionais não querem ir por aí e aguarda-se o resultado do referendo, há que resolver isso por outro lado. Logo a seguir e dependendo do resultado do referendo: preparar uma fonte de financiamento alternativa, outro tipo de crédito. O mais provável é que este plano B já tenha sido iniciado pelo governo grego.

Plano C - começar a preparar desde já (e este plano já inclui os países mediterrânicos), a possibilidade da saída do euro. Esta saída já devia ter sido preparada, aliás, aos primeiros sinais do fiasco do euro. Aqui as soluções podem mesmo passar por desenhar economias não baseadas na lógica do sistema financeiro, e mesmo relativamente independentes de um sistema que só produziu desequilíbrios que já atingiram o limite do sustentável a todos os níveis.

Plano D - criar uma cultura de colaboração entre países e regiões, propondo soluções viáveis e ajudando a concretizá-las, isto é, passar da lógica das emoções reactivas à construção de novas comunidades inter-países e inter-regiões, úteis e eficazes. As novas gerações já funcionam nesta nova lógica.







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