Gonçalo Ribeiro Telles, o arquitecto paisagista que dedicou a sua vida a promover a perspectiva actual do equilíbrio entre o espaço urbano e o espaço rural. Aliás, a designação de arquitecto paisagista nem é a adequada para definir o seu trabalho. Não se trata apenas de organizar um espaço público urbano trazendo as árvores e as plantas à cidade e às pessoas, trata-se de estudar a área circundante, o seu equilíbrio natural, os aquíferos, as linhas de água, a configuração do terreno, a sua constituição, e só depois trabalhar com a natureza e nunca contra ela.
O trabalho de Gonçalo Ribeiro Telles sintetiza a minha ideia inicial de criança ao compor esse livrinho com o título "O homem e a Terra": uma perspectiva que segue a cultura da consciência abrangente, da perspectiva do grande plano. O homem é um habitante desse espaço, desfruta-o e adapta-o às suas necessidades, mas de forma natural. O homem respira o espaço, alimenta-se dele, mas não o domina nem destrói. Esta sintonia com a natureza encontrou-a o arquitecto, ainda criança, nas iluminuras medievais dos Livros de Horas na biblioteca de um tio. O tempo era assinalado pelas estações do ano e as tarefas agrícolas, a imagem da cidade tinha sempre o campo em pano de fundo, nunca se separavam.
Os séculos XIX e XX seguiram a perspectiva contrária: dominar a natureza, arrancar-lhe sem cerimónias e da forma mais rápida e rentável, as suas riquezas: minério, floresta, produção intensiva, tudo é permitido e promovido. O progresso é a lei geral. Nesse processo, o homem passa a ser apenas uma peça da grande maquinaria: a mão-de-obra vale tanto ou menos do que uma máquina, tudo está na sua produtividade.
Quem viu Haverá Sangue deve ter ficado impressionado com a forma brutal como se iniciou a extracção de crude e como o próprio carácter ganancioso do protagonista acompanha essa lógica da maquinaria.
Só muito recentemente vemos esse equilíbrio homem-terra e cidade-campo começar a regenerar-se e, com esse equilíbrio, também a perspectiva de trabalho e a qualidade de vida das comunidades. Só muito recentemente se fala de sustentabilidade, de cidades inteligentes, de hortas urbanas, de participação cívica, de partilha de responsabilidade na gestão do espaço público.
O trabalho de Gonçalo Ribeiro Telles sintetiza a minha ideia inicial de criança ao compor esse livrinho com o título "O homem e a Terra": uma perspectiva que segue a cultura da consciência abrangente, da perspectiva do grande plano. O homem é um habitante desse espaço, desfruta-o e adapta-o às suas necessidades, mas de forma natural. O homem respira o espaço, alimenta-se dele, mas não o domina nem destrói. Esta sintonia com a natureza encontrou-a o arquitecto, ainda criança, nas iluminuras medievais dos Livros de Horas na biblioteca de um tio. O tempo era assinalado pelas estações do ano e as tarefas agrícolas, a imagem da cidade tinha sempre o campo em pano de fundo, nunca se separavam.
Os séculos XIX e XX seguiram a perspectiva contrária: dominar a natureza, arrancar-lhe sem cerimónias e da forma mais rápida e rentável, as suas riquezas: minério, floresta, produção intensiva, tudo é permitido e promovido. O progresso é a lei geral. Nesse processo, o homem passa a ser apenas uma peça da grande maquinaria: a mão-de-obra vale tanto ou menos do que uma máquina, tudo está na sua produtividade.
Quem viu Haverá Sangue deve ter ficado impressionado com a forma brutal como se iniciou a extracção de crude e como o próprio carácter ganancioso do protagonista acompanha essa lógica da maquinaria.
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